"Não há capacidade de controlo, a legislação não é eficaz. Os pais também facilitam, são altamente permissivos, e são eles que, habitualmente, financiam (o consumo de bebidas alcoólicas)", defendeu Augusto Pinto, já no final da sua intervenção na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação de Coimbra.
No entender de Augusto Pinto, a raiz do problema pode estar no facto de a sociedade portuguesa ser "extremamente tolerante para com este consumo". Ou, dito de outra maneira: "Grande parte da população tem uma relação positiva e intimista com o álcool. Temos dificuldade em ver (o alcoolismo) como uma doença perigosa". A "mobilização social" a que se assistiu quando se planeou reduzir a taxa limite de alcoolemia, nos condutores, dos actuais 0,5 grama de álcool por litro de sangue para 0,2 constitui, para Augusto Pinto, o exemplo perfeito de como esta "relação positiva" com as bebidas alcoólicas impera em Portugal. Para combater isto, "é necessário educar, consciencializar mais, valorizar estas questões".
E, lembra o responsável, "o álcool é uma substância legal, que tem uma componente económica importante", e "a Europa é a primeira produtora".
Em declarações ao JN, Augusto Pinto explicou que o consumo de álcool tem subido, nos últimos anos, em Portugal. Estudos recentes do IDT mostram que perto de 80% da população consome bebebidas alcoólicas ao longo da vida. As formas de beber é que mudaram. Hoje, as camadas mais jovens da população já "não têm o vinho como primeira bebida", optando, antes, pelas bebidas destiladas, fruto da "pressão da publicidade".
O responsável mostrou-se, ainda, "muito preocupado" com o aumento do consumo feminino, que se traduz num aumento da doença hepática alcoólica nas mulheres, mais vulneráveis ao álcool. Enquanto a doença atinge os homens ao fim de dez ou 20 anos de consumo excessivo, para as mulheres bastam cinco.
Carina Fonseca, JN
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=1561738
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