BARES E DISCOTECAS - Ninguém fiscaliza a venda de bebidas a menores
O coordenador de um projecto europeu relacionado com comportamentos de risco de jovens em contextos de diversão nocturna afirmou ontem em Coimbra que o maior problema nesta área é a «inconsistência na implementação da legislação» sobre o consumo de álcool.
«Temos leis que não permitem que os menores de 16 anos comprem bebidas alcoólicas mas, nas discotecas e bares, esta medida não é implementada e não há controlo», exemplificou Matej Kosir, que coordena o projecto Club Health – Healthy and Safer Nightlife of Youth, que conta com 20 associados, entre os quais 15 Estados-membros da União Europeia e a Noruega.
Matej Kosir foi um dos oradores da II Escola de Verão em Educação pelos Pares (PEER 2010), que decorre até hoje em Coimbra, organizada pela Escola Superior de Educação de Coimbra (ESE nfC) e pelo IREFREA Portugal (Instituto Europeu para o Estudo dos Factores de Risco e Factores de Protecção em Crianças e Adolescentes).
«Os profissionais [de bares e discotecas] sabem que são menores, mas não estão conscientes dos problemas que o consumo de álcool pode causar», disse ainda o responsável, em declarações à agência Lusa à margem do evento.
Na sua intervenção, este especialista em políticas de saúde pública afirmou que «não há informação de qualidade para as pessoas que fazem as políticas» e estas, geralmente, não produzem efeitos práticos, e aludiu a «uma tendência crescente para beber para ficar embriagado» e a que, cada vez mais, os jovens saírem com o intuito de se embebedar.
Por outro lado, destacou a importância da formação e sensibilização dos profissionais que trabalham nos espaços de diversão nocturna.
«Estes profissionais não estão conscientes da multiplicidade de problemas que podem surgir. É uma das formas mais eficazes para diminuir os problemas na vida nocturna», salientou.
Segundo o coordenador do Club Health, neste contexto da diversão nocturna, «a dimensão dos problemas [dos jovens] com drogas ilícitas não é tão grande como com o álcool», contudo existem «muitas mais intervenções» destinadas àquelas substâncias do que ao álcool.
«A vida nocturna é diversão para os jovens e não a queremos reduzir, mas há muitos problemas relacionados, em termos de saúde, violência, sexo não protegido e não consensual, acidentes rodoviários... Pelo que queremos torná-la mais saudável e mais segura», afirmou, ao frisar também a importância da cooperação entre os actores locais e de intervenções multidisciplinares.
in “Diário de Coimbra" - 01.Out.2010
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