O crescente mercado das chamadas drogas
lícitas, substâncias psicoactivas alternativas às ilícitas, mas com
efeitos similares, está a preocupar as autoridades europeias e só este
ano foram identificadas 600 lojas "online" que vendem este tipo de
produtos.
A revelação é feita no relatório
deste ano do Observatório Europeu das Drogas e da Toxicodependência
(OEDT), que num estudo feito em Julho passado identificou um "número
recorde" de 600 retalhistas 'online' de drogas lícitas ("legal highs")
que alegadamente vendem substâncias psicoativas e manifestam
disponibilidade de uma vasta variedade de novos produtos.
O
rápido aparecimento de novas substâncias psicoactivas não controladas,
frequentemente vendidas como drogas legais em 'smartshops' e 'headshops'
(como é o caso em Portugal) ou através da internet, representa, segundo
o OEDT, "um desafio crescente, tanto na Europa como a nível
internacional".
Após o recorde de 41 novas drogas notificadas ao
OEDT e à EUROPOL em 2010 (comparativamente a 24 em 2009), dados
preliminares revelados esta terça-feira indicam que "não existem sinais
de declínio", já que só este ano foram notificadas 39 novas substâncias
através do Sistema de Alerta Rápido Europeu, onde são actualmente
vigiadas mais de 150 destes produtos.
O mercado das novas drogas é
caraterizado pela rapidez com que os fornecedores reagem à imposição de
medidas de controlo e disponibilizam novas substâncias alternativas aos
produtos proibidos.
As novas drogas psicoactivas identificadas em
2010 são, na sua maioria, catinonas sintéticas (estimulante encontrado
nas anfetaminas) ou canabinóides sintéticos (compostos encontrados na
cannabis).
As listas recentemente notificadas também contêm um
grupo diversificado de substâncias químicas, incluindo um derivado
sintético da cocaína, um precursor natural e várias substâncias
psicoactivas sintéticas.
Em 2010 foram, pela primeira vez,
notificados derivados da fenciclidina (PCP) e da cetamina, duas drogas
já existentes e utilizadas, actualmente ou no passado, em medicina
humana ou veterinária.
As substâncias psicoactivas não controladas
(como misturas de catinonas, piperazinas ou fenetilaminas) podem ser
vendidas no mercado ilícito em comprimidos semelhantes ao ecstasy,
enquanto a droga controlada PMMA (um estimulante) foi recentemente
identificada nalguns produtos vendidos como "drogas lícitas".
A
mefredona (conhecida como "miau-miau" e com efeitos idênticos aos do
ecstasy) é, de acordo com o OEDT, transversal aos dois mercados, sendo
simultaneamente vendida "online" como "legal high" e nalguns países
através das mesmas redes ilícitas que comercializam drogas como o
ecstasy ou a cocaína.
Face a esta rápida disseminação, a Comissão
Europeia está a rever o modo como a Europa actua e controla as novas
substâncias, "para assegurar que as respostas se mantêm actualizadas e
adequadas ao seu objectivo".http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=2124200&page=-1
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