Dados da Sociedade Portuguesa de Alcoologia indicam que 16% dos abusos infantis e negligência também resultam do abuso de bebidas com álcool.
Mais de 40% das situações sinalizadas às comissões de protecção de menores pertencem a famílias com problemas de alcoolismo, que estão também na origem de 16% dos casos de abuso infantil e negligência, segundo a Sociedade Portuguesa de Alcoologia.
Os dados da Sociedade Portuguesa de Alcoologia (SPA) divulgados à agência Lusa a propósito do Dia Nacional dos Alcoólicos Anónimos, assinalado na terça-feira, referem que 40% dos homicídios estão relacionados directamente com problemas de álcool.
Estimam ainda que 25 a 30% dos acidentes rodoviários estejam directamente ligados ao consumo de bebidas alcoólicas, assim como 25% da sinistralidade laboral. “O consumo excessivo de álcool tem consequências gravíssimas”, disse o presidente da SPA, adiantando que os problemas de alcoolismo estão ligados a 60 doenças diferentes, o que gera uma mortalidade entre 25% a 30% do número total de mortes por ano.
Em Portugal, morrem cerca de 7000 pessoas por ano devido a problemas ligados ao álcool, sendo assim considerado o terceiro de 26 factores de risco de doença, depois do consumo de tabaco e da hipertensão arterial, elucidou Rui Augusto Moreira. Os estudos realizados estimam que a prevalência de dependentes de álcool em Portugal ultrapasse os 6%, “o que coloca desafios muito sérios para o tratamento, recuperação e reabilitação dos doentes alcoólicos”, refere a SPA.
Jovens e mulheres nos grupos de risco
Alerta ainda que os jovens e as mulheres têm-se revelado como grupos de risco para o consumo de álcool, verificando-se “consumos cada vez mais preocupantes”. “As consequências são emergentes com perturbações no desempenho escolar, na sinistralidade rodoviária, nas doenças sexualmente transmissíveis, nas gravidezes indesejadas e nos riscos do desenvolvimento das crianças, particularmente no que respeita ao baixo peso, negligência e abuso”, acrescenta.
Muitos dos prejuízos causados pelo álcool são suportados por terceiros, como atropelamentos por pessoas embriagadas, pessoas que morrem em acidentes em que o condutor estava alcoolizado, custos psicológicos suportados por familiares e instituições. Segundo Rui Moreira, calcula-se que a despesa do Estado com estes problemas represente 3% do Produto Interno Bruto.
A SPA defende que perante um número tão elevado de dependentes de álcool, é urgente “facilitar o acesso a cuidados de saúde”. Rui Moreira considerou que o “sistema de saúde tem capacidade para dar resposta”, mas o “problema essencial” é a organização das estruturas estar “desajustada a este tipo de problemas”.
“Neste momento, por défices de organização, eu penso que uma pessoa com problemas de álcool vê-se um bocadinho aflita para obter resposta junto do centro de saúde e de algumas estruturas que restam da reorganização dos serviços de saúde”, sublinhou. “Antigamente havia os centros de alcoologia, depois as unidades de alcoologia e agora o que é feito destas estruturas, que respostas dão? O feedback que tenho de alguns centros de saúde é que a resposta é deficitária”, acrescentou. Para o responsável, é fundamental “organizar os serviços de modo a dar respostas reais e efectivas às pessoas que precisam e desenvolver trabalho de prevenção no sentido de evitar que as coisas aconteçam”.
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