A produção de ópio no Afeganistão é de 7000 toneladas por ano e financia os taliban. Em 14 províncias não foi realizado qualquer programa de erradicação.
O enviado dos Estados Unidos para o Afeganistão, Richard Holbrooke, disse esta semana que o programa norte-americano de cerca de 800 milhões de dólares por ano para combater o narcotráfico afegão é "o mais ineficaz e com maior desperdício" dos últimos 40 anos. A sua afirmação pode ser justificada pelos números: segundo as Nações Unidas, é do Afeganistão que provém mais de 90 por cento da heroína vendida em todo o mundo.
O dinheiro do narcotráfico tem financiado os taliban que os EUA estão a combater. Enquanto estiveram no poder, os taliban opuseram-se ao tráfico de droga, mas depois de o seu regime ser derrubado encontraram no ópio uma importante fonte de financiamento.
A produção de ópio no Afeganistão é de 7000 toneladas por ano, ainda que um relatório da ONU refira uma diminuição de 19 por cento da produção em 2008 em resultado do declínio dos preços, salientou esta semana o Asia Times. Há, no entanto, 14 províncias afegãs onde não foi realizado qualquer programa de erradicação, e Helmand continua a ser a região de maior produção.
Em vez de terem sido destruídos 50 mil hectares de plantações de ópio, como era o objectivo, foram destruídos cerca de 5500 hectares, "em parte por causa de falta de financiamento e de equipamento apropriado", adianta o Asia Times.
Quando a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, incentivou o Irão, no início do mês, a participar na conferência das Nações Unidas sobre o Afeganistão, que se realizará na Holanda na próxima terça-feira, referiu a questão do narcotráfico, que as autoridades de Teerão conhecem bem. É pelo Irão que passam, todos os anos, 2500 toneladas de ópio provenientes do Afeganistão, e ao longo dos 1600 quilómetros de fronteira entre os dois países estão milhares de militares que têm também como objectivo combater o narcotráfico.
A directora do American Centre for Democracy, Rachel Ehrenfeld, escreveu no final de Fevereiro na revista Forbes que, a julgar pela situação actual, "o Afeganistão está a perder", e que, "para ganhar, a ligação entre os narcóticos e o terrorismo deve ser desfeita". Essa, acrescentou, "é uma condição necessária para uma estratégia bem sucedida no sentido de minimizar a influência crescente da Al-Qaeda, dos taliban e de grupos islamistas radicais no Afeganistão e no Paquistão".
Um relatório do International Narcotics Control Board estima que, no ano passado, os taliban lucraram com o narcotráfico entre 259 e 518 milhões de dólares, um valor pouco preciso, mas muito superior aos 28 milhões de dólares registados em 2005.
26.03.2009, Isabel Gorjão Santos
http://jornal.publico.clix.pt/
O enviado dos Estados Unidos para o Afeganistão, Richard Holbrooke, disse esta semana que o programa norte-americano de cerca de 800 milhões de dólares por ano para combater o narcotráfico afegão é "o mais ineficaz e com maior desperdício" dos últimos 40 anos. A sua afirmação pode ser justificada pelos números: segundo as Nações Unidas, é do Afeganistão que provém mais de 90 por cento da heroína vendida em todo o mundo.
O dinheiro do narcotráfico tem financiado os taliban que os EUA estão a combater. Enquanto estiveram no poder, os taliban opuseram-se ao tráfico de droga, mas depois de o seu regime ser derrubado encontraram no ópio uma importante fonte de financiamento.
A produção de ópio no Afeganistão é de 7000 toneladas por ano, ainda que um relatório da ONU refira uma diminuição de 19 por cento da produção em 2008 em resultado do declínio dos preços, salientou esta semana o Asia Times. Há, no entanto, 14 províncias afegãs onde não foi realizado qualquer programa de erradicação, e Helmand continua a ser a região de maior produção.
Em vez de terem sido destruídos 50 mil hectares de plantações de ópio, como era o objectivo, foram destruídos cerca de 5500 hectares, "em parte por causa de falta de financiamento e de equipamento apropriado", adianta o Asia Times.
Quando a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, incentivou o Irão, no início do mês, a participar na conferência das Nações Unidas sobre o Afeganistão, que se realizará na Holanda na próxima terça-feira, referiu a questão do narcotráfico, que as autoridades de Teerão conhecem bem. É pelo Irão que passam, todos os anos, 2500 toneladas de ópio provenientes do Afeganistão, e ao longo dos 1600 quilómetros de fronteira entre os dois países estão milhares de militares que têm também como objectivo combater o narcotráfico.
A directora do American Centre for Democracy, Rachel Ehrenfeld, escreveu no final de Fevereiro na revista Forbes que, a julgar pela situação actual, "o Afeganistão está a perder", e que, "para ganhar, a ligação entre os narcóticos e o terrorismo deve ser desfeita". Essa, acrescentou, "é uma condição necessária para uma estratégia bem sucedida no sentido de minimizar a influência crescente da Al-Qaeda, dos taliban e de grupos islamistas radicais no Afeganistão e no Paquistão".
Um relatório do International Narcotics Control Board estima que, no ano passado, os taliban lucraram com o narcotráfico entre 259 e 518 milhões de dólares, um valor pouco preciso, mas muito superior aos 28 milhões de dólares registados em 2005.
26.03.2009, Isabel Gorjão Santos
http://jornal.publico.clix.pt/
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