sexta-feira, 27 de março de 2009

Dados do consumo de drogas na Europa - Relatório Europeu

Relatório europeu indica que o consumo de drogas ilícitas está a estabilizar, mas subiu em Portugal a prática de beber cinco ou mais bebidas numa ocasião, o chamado "binge drinking". Isto de não servir de consolo aos pais, mas os estudantes portugueses de 15 a 16 anos estão entre os que melhor se portam. Consomem menos drogas ilícitas, fumam menos e embebedam-se menos vezes do que os outros europeus da mesma idade. Estão é já a emitir um sinal de alerta: disparou o consumo de grandes quantidades de álcool num curto espaço de tempo - o chamado "binge drinking".
O European School Survey Project on Alcohol and Other Drugs (ESPAD) 2007 foi ontem divulgado pelo Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência. O estudo, que se faz de quatro em quatro anos, envolve uma amostra de cem mil alunos de 35 países europeus: os inquéritos foram feitos em escolas na Primavera de 2007, entre estudantes nascidos em 1991.
O presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependência, João Goulão, destaca dois aspectos. Um duplamente negativo: "A subida do consumo de álcool e a alteração de padrões." E um positivo: "A descida de todas as drogas ilícitas, o que está em linha com todos os estudos que têm sido publicados."
Mais de metade dos alunos europeus já experimentaram tabaco: 29 por cento tinham fumado nos últimos 30 dias; dois por cento consumiam pelo menos um maço por dia. Arménia, Islândia, Noruega e Portugal ocupavam os derradeiros lugares no ranking europeu (sete a 19 por cento). Áustria, Bulgária, República Checa e Letónia eram os primeiros (40 a 45 por cento).
O consumo de tabaco desceu. O panorama é diverso quando se atende ao consumo de bebidas alcoólicas: dois terços dos estudantes europeus já experimentaram e metade até já apanhou uma bebedeira. Uma média de 61 por cento bebera nos 30 dias que antecederam o inquérito. E 43 por cento admitira ter vivido episódios de cinco bebidas ou mais no último mês. "O total de bebidas alcoólicas consumidas no último dia de copos é por regra baixo em países onde os estudantes bebem com frequência, como a Grécia", menciona o documento. O oposto ocorre nos países onde se bebe com menos frequência, como a Finlândia, a Noruega, a Islândia e a Suécia. Há algumas excepções: na Dinamarca e na Áustria, os alunos dizem beber com frequência e em grandes quantidades.
O consumo de grande quantidade de álcool num curto espaço de tempo aumentou em mais de metade dos países, especialmente entre as raparigas que antes evitavam fazer isto. "O aumento mais pronunciado ocorreu em Portugal entre 2003 e 2007, onde o número de estudantes que relata episódios de consumo excessivo (binge drinking) nos 30 dias anteriores passou de 25 para 56 por cento".
Se apenas 26 por cento dos alunos portugueses declaram ter apanhado uma ou mais bebedeiras no ano anterior, como é que 56 por cento teve episódios de cinco ou mais bebidas numa ocasião? "A bebedeira é um estado mais subjectivo, o do número de bebidas mais objectivo", diz João Goulão.
O médico lembra que há um plano nacional do álcool já aprovado e que está em cima da mesa o aumento da idade legal de consumo de bebidas alcóolicas de 16 para 18 anos. Mostra-se agradado por o consumo de "drogas ilícitas", o que inclui cannabis, cocaína, crack, ecstasy, LSD e heroína, estar a diminuir ou estabilizar nesta faixa etária.
Os níveis mais elevados de experimentação de cannabis foram encontrados na República Checa, em França, Isle of Man, Eslováquia e Suíça (entre 45 e 33 por cento). E o de outras drogas ilícitas em Isle of Man, Letónia, França, Áustria. Em Portugal, em 2007, 13 por cento dos estudantes de 16 anos tinham consumido cannabis pelo menos uma vez na vida e seis por cento outra droga ilícita qualquer.
27.03.2009, Ana Cristina Pereira
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