quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Cientistas israelitas desenvolvem cannabis medicinal sem efeito alucinogénico


 Cientistas da Universidade Hebraica de Jerusalém desenvolveram um tipo de cannabis medicinal, neutralizando a substância THC, que gera os efeitos cognitivos e psicológicos conhecidos como alucinogénicos.


De acordo com Ruth Gallily, especialista em imunologia da Universidade Hebraica de Jerusalém, a segunda substância mais importante da cannabis - o canabidiol (CBD) - tem propriedades «altamente benéficas e significativas» para doentes que sofrem de diabetes, artrite reumatóide e doença de Crohn.
Gallily, que estuda os efeitos medicinais da cannabis há 15 anos, disse à BBC que o CBD que se encontra na planta «não gera qualquer fenómeno psicológico ou psiquiátrico e reprime reacções inflamatórias, sendo muito útil para o tratamento de doenças auto-imunes».
«Obtivemos resultados fantásticos nas experiências que fizemos in vitro e com ratos, no laboratório da Universidade Hebraica», afirmou a cientista, que é professora da Faculdade de Medicina.

De acordo com a responsável, após o tratamento com o CBD, o índice de mortalidade em consequência de diabetes nos animais foi reduzido em 60%, tanto em casos de diabetes tipo 1 como tipo 2.
«Para pacientes idosos que sofrem de artrite reumatóide, o uso da cannabis pode ter efeitos maravilhosos e melhorar muito a qualidade de vida», disse Gallily.
«Constatamos nas nossas experiências que o CBD leva à diminuição significativa e muito rápida do inchaço em consequência da artrite.»
A cientista afirma que remédios à base de CBD seriam muito mais baratos que os medicamentos convencionais no tratamento dessas doenças.
A empresa Tikkun Olam obteve a licença do Ministério da Saúde israelita para desenvolver a cannabis medicinal e cultiva diversas variedades da planta em estufas na Galileia, no norte de Israel.
De acordo com Zachi Klein, director de pesquisa da Tikkun Olam, mais de 8.000 doentes em Israel já são tratados com cannabis, a qual recebem com receitas médicas autorizadas pelo Ministério da Saúde.
De acordo com Klein, a empresa pretende desenvolver um tipo de cannabis com proporções diferentes de THC e canabidiol, para poder ajudar diversos tipos de pacientes.
«Há pacientes para os quais o THC é muito benéfico, pois ajuda a melhorar o estado de espírito e abrir o apetite», afirmou.
Ele diz ainda que, em casos de doentes de cancro, a cannabis no seu estado natural, com o THC, pode melhorar a qualidade de vida, já que a substância provoca a fome, incentivando os pacientes a alimentarem-se.
Nos próximos meses, o Ministério da Saúde dará inicio a um estudo sobre os efeitos do THC e do CBD em pacientes que sofrem dores crónicas.
A experiência será feita com 50 pacientes, que serão divididos em dois grupos. Um grupo receberá cannabis com alto nível de THC e baixo nível de CBD e o segundo receberá mais canabidiol do que THC.
Depois de um mês os grupos serão trocados e, durante a experiência, os pacientes preencherão questionários avaliando as alterações na intensidade da dor.

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