O presidente da agência europeia de informação sobre droga
(OEDT) garantiu hoje que as medidas de austeridade em Portugal não
afetacaram os programas de intervenção, mas alertou para o crescimento
de uma "adictofobia" entre a população.
"Houve uma discreta redução em Portugal, mas não houve cortes
significativos. Ainda temos os mínimos olímpicos", afirmou hoje João
Goulão, em Lisboa, durante a apresentação, em Lisboa, do relatório anual da agência europeia de monitorização do fenómeno da droga (EMCDDA -
Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, OEDT, na antiga
sigla em português), que marca as última tendências e evoluções do
fenómeno da droga na União Europeia, Noruega, Croácia e Turquia.
"No essencial, temos condições para dar continuidade às intervenções que vinhamos fazendo", acrescentou.
No entanto, João Goulão alertou para um outro risco, que se tem registado nos últimos anos.
"Pessoalmente preocupa-me o risco de, num contexto em que o
individualismo vai crescendo, os recursos para tratamento sejam
encarados como desperdício [de investimento] pela população em geral",
explicou, sublinhado tratar-se uma "espécie de adictofobia".
O relatório anual do EMCDDA refere que o tratamento de
toxicodependentes na Europa atingiu níveis recorde, mas é preciso
investir em novas intervenções e na reinserção social e alerta para a
necessidade de investir mais em políticas de saúde dirigidas aos
toxicodependentes, sobretudo para tratar a hepatite C e prevenir as
'overdoses'.
O documento dá ainda conta de que o consumo de droga é uma das
principais causas de morte entre os jovens na Europa, com a taxa de
mortalidade - provocada diretamente pelo consumo de droga, através de
overdoses, ou indiretamente, por doenças várias, sobretudo
infectocontagiosas, e acidentes, violência e suicídio - a rondar os 1 a
2 por cento (%) por ano
Um outro relatório do EMCDDA, em conjunto com a Europol, também hoje
divulgado na cerimónia, revela que a quantidade, o tipo e a
disponibilidade de novas drogas sintéticas na Europa aumentaram em
2012, proliferando sobretudo através da Internet e acarretando fortes
desafios para a saúde pública, aplicação de legislação e tomada de
decisões políticas.
Lusa
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