sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Droga "miau-miau" será proibida em Portugal

A "droga legal" mefedrona, com efeitos semelhantes à cocaína ou LSD, vai ser proibida brevemente em Portugal. Conhecida como "miau-miau", está a ser vendida em lojas a preço de saldo.

Apesar de ser comercializada sob a capa de produto para plantas ou incensos, a mefedrona é consumida para efeitos recreativos em todo o mundo e em Portugal por cada vez mais jovens que procuram efeitos semelhantes aos das drogas ilegais como a cocaína, ecstasy e LSD.

O presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT) confirmou à agência Lusa que esta substância está prestes a ser proibida em Portugal, tal como aconteceu em outros países, depois de o seu consumo ter sido associado a mortes e problemas de saúde graves.

João Goulão reconheceu as dificuldades de as autoridades europeias acompanharem com legislação adequada o aparecimento de novas drogas no mercado. Até lá, o vazio legal permite que uma substância cientificamente associada a problemas de saúde possa ser vendida legalmente.

Só a inclusão desta substância na lista de produtos controlados, como defende a autoridade que regula o sector do medicamento, impedirá a comercialização. O Infarmed confirmou à Lusa que está a "ultimar o projecto de proposta de lei, a apresentar pelo Governo à Assembleia da República", para incluir a mefedrona nessa lista.

"Após a aprovação e entrada em vigor da nova tabela, o Infarmed irá controlar todo o seu circuito legal e esta substância só poderá ser vendida pelas entidades por si licenciadas", adiantou este organismo do Ministério da Saúde.

Em Portugal há pelo menos oito lojas que vendem legalmente este tipo de substâncias, uma das quais está já a preparar-se para a proibição da mefedrona, fazendo promoções para quem comprar em grandes quantidades.

Numa loja, situada no Bairro Alto, em Lisboa, há até um aviso que anuncia a iminência da proibição e convida os clientes a aproveitarem os saldos.

Com ou sem descontos, este e outros produtos são muito procurados por quem acredita estar a consumir uma droga que "não faz mal".

"Quando soubemos que existia uma loja que vendia estes produtos ficámos muito contentes, pois pensámos que esta droga não podia fazer mal e dava uma boa pedrada", contou à Lusa Francisca Alves, 21 anos.

Francisca só experimentou uma vez um produto, classificado como adubo. Ela e os amigos foram à loja e pediram um produto que desse "uma grande pedrada".

Sem questionar - nem solicitar bilhete de identidade - o funcionário vendeu uma bolsa com produto para ser fumado, apesar deste ter na embalagem uma advertência de que não é para consumo humano.

Francisca e os amigos não gostaram da experiência. "Parecia que o coração rebentava e deixámos de sentir as pernas. Foi muito mau", disse.

Apesar de depender das pessoas, os efeitos da mefedrona passam por aumento do ritmo cardíaco e irregularidades na batida, como palpitações, dificuldades de concentração e da memória a curto prazo, comparáveis aos do ecstasy ou da cocaína.

Francisca diz que estes produtos são cada vez mais famosos entre o seu grupo de amigos e que, à noite, a loja do Bairro Alto se enche de jovens ansiosos por uma "trip" com drogas legais.

Para o presidente do IDT, o importante é os pais estarem atentos. "Por serem vendidas numa loja de porta aberta não significa que sejam isentos de risco", disse.

Comercializada desde 2007 na Europa, a mefedrona é normalmente vendida em pó, mas existe igualmente em comprimidos.

Sem comentários: