O stress na
gravidez torna o feto mais susceptível de desenvolver comportamentos
aditivos e de toxicodependência na idade adulta, revela um estudo de um
investigador da Universidade do Minho, distinguido com o prémio Janssen
Neurociências, de 50 mil euros.
Português premiado por
estudo que revela Nuno Sousa e a sua equipa partiram de estudos
anteriores para tentar perceber os efeitos no feto de uma hormona
(glucocorticoide sintético) que é libertada em resposta ao stress.
A
investigação foi elaborada em ratos e concluiu que há "uma susceptibilidade para uma procura maior de drogas", afirmou à Lusa,
acrescentando que "quando adultos estes animais, cujas mães foram
tratadas com glucocorticoide sintético, têm maior propensão para o
etanol e susceptibilidade para a morfina".
"Os estudos mediram a
hormona responsável pelo prazer, a dopamina e verificou-se que estes
animais, que tinham mais tendência para procura de substâncias aditivas,
tinham menos dopamina no cérebro, mas mais receptores para a dopamina",
explicou.
Ou seja, um tratamento na gravidez programou o cérebro
dos fetos para ser mais susceptível a toxicodependências, sintetizou o
investigador.
De seguida, a equipa tentou perceber como poderia
reverter o problema da quantidade de dopamina e concluiu que tal era
possível se o rato em causa fosse tratado previamente com a dopamina.
Apesar
de as conclusões serem muito promissoras, nomeadamente para prevenir
comportamentos aditivos nos jovens, a aplicabilidade clínica ainda está
longe, reconhece o investigador, explicando que a fase seguinte será
desenvolver a mesma investigação com humanos.
No entanto, afirma
que "se se verificar [o mesmo resultado] nos humanos, o que podemos ter é
que o indivíduo que tem maior susceptibilidade para aqueles
comportamentos pode ser controlado.
Nuno Sousa exemplifica: "um
adolescente vai a uma festa onde existem substâncias aditivas. Podemos
prevenir [o consumo por parte do jovem] aumentando os níveis de dopamina
no seu cérebro".
(...)
Sem comentários:
Enviar um comentário