As anfetaminas são drogas estimulantes que prometem energia e aumento da capacidade de atenção e de memória. A Europa é o o maior produtor destes estupefacientes. São procuradas, em Portugal, pelos jovens estudantes como auxiliar de estudo. Cumprem a sua missão, mas por pouco tempo, provocando graves danos no sistema nervoso central.
“O cérebro pode recuperar, mas nunca volta a ser o que era antes do
consumo”, avisa Teresa Summavielle, do Instituto de Biologia Molecular e
Celular da Universidade do Porto, que explicou ao P3 quais são os
efeitos provocados por estas substâncias.
Os efeitos de concentração e atenção duram apenas cerca de uma hora,
salienta a investigadora. Depois segue-se o inverso: “Passamos a ter as
pessoas com um nível de ansiedade muito maior, muito mais irritáveis,
começamos a ter uma capacidade de atenção mais perturbada”, sublinha.
Neurórios forçados a produzir "non-stop"
Atingindo o cérebro, as anfetaminas provocam a degradação das
células, que vão perdendo energia e envelhecendo. A acção destas drogas
envolve um neurotransmissor, a dopamina, associada ao prazer e à
motivação, que é libertado, nestas situações, em grandes quantidades.
Estes comunicadores entre os neurónios no cérebro, após cumprirem a
sua função, têm de voltar ao neurónio original. O que, sob acção das
anfetaminas, não acontece. É bloqueado o sistema que as transporta e
estas ficam presas entre os neurónios, desgastando a célula que tem de
produzir mais dopamina.
“As células não estão programadas para estar sempre a produzir, mas
sim para reaproveitar. Se as obrigarmos a estar constantemente a
produzir neurotransmissores, as suas reservas esgotam-se”, explica a
cientista, que fez uma investigação sobre o ecstasy, também ele uma
anfetamina, mas que liberta, por sua vez, grandes quantidades de
serotonina, substância associada ao bem-estar.
Drogas com mais influência no cérebro jovem
Mas não é só no cérebro que as anfetaminas actuam. Antes de chegarem
ao sistema nervoso central, estas substâncias são transformadas, pelo
fígado, em outros compostos químicos bastante tóxicos. As anfetaminas
perturbam todo o organismo, podendo dar origem, por exemplo, a problemas
cardíacos graves.
Num cérebro adolescente, ainda em formação, estas drogas podem ter
maior influência, segundo explica Félix Carvalho, do serviço de
Toxicologia da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto.
Se consumidas regularmente, há ainda a “memória das drogas”, ou seja,
estas substâncias modificam as estruturas cerebrais e os neurónios para
promover o seu consumo, mesmo passados vários anos.
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