quinta-feira, 26 de abril de 2012

Número recorde de novas drogas descobertas na Europa em 2011

O número de novas drogas descobertas pelas autoridades na Europa foi novamente o maior de sempre no ano passado, com 49 novas substâncias, revelou o relatório anual do Observatório da Droga e da Toxicodependência.

É o maior número de novas substâncias psicoativas detetadas através do sistema europeu de alerta num único ano, batendo o recorde de 41 atingido em 2010, refere o Observatório da Droga e da Toxicodependência (OEDT).
O aumento verifica-se no campo das drogas vendidas em lojas e através da Internet e publicitadas como "legais".
"A velocidade a que as novas drogas aparecem no mercado desafia os métodos estabelecidos de monitorização, resposta e controlo do uso de novas substâncias psicoativas", alerta o OEDT no relatório.
Pós, comprimidos e misturas
Das 49 novas substâncias, 23 são canabinóides sintéticos, que se popularizaram nos últimos anos muitas vezes sob a designação de "Spice", um produto vendido através da Internet e em "smart-shops" especializadas e embalado como mistura herbal para ser usada como ambientador.
Fumados, produzem efeitos semelhantes ao cannabis. O relatório do Observatório indica taquicardia, agitação, alucinações, hipertensão e náuseas como efeitos secundários registados após o consumo de produtos tipo "Spice".
O diretor do OEDT, Wolfgang Götz, afirmou que estas novas drogas são vendidas numa "crescente variedade de pós, comprimidos e misturas" a pessoas que "estão a jogar um perigoso jogo de roleta", sem saber exatamente o que estão a consumir.

Internet "abusivamente utilizada" por redes criminosas
Quanto a Rob Wainwright, diretor da Europol, afirmou que "a Internet está a ser abusivamente utilizada pelas organizações criminosas" e defendeu que as agências policiais têm que ter "modernos meios operacionais e legislativos" para as combater.
O OEDT assinala que não há números fiáveis que deem a dimensão exata do uso deste tipo de substâncias entre a população europeia.
Segundo os números do Eurobarómetro de 2011, em que foram entrevistados 12 mil jovens entre os 15 e os 24 anos, 5% afirmaram ter consumido drogas sintéticas publicitadas como legais.
Nos canabinóides descobertos em 2012 regista-se um "aumento de número e diversidade", com cinco tipos de produtos químicos novos, fixando-se agora em 45 o número de canabinóides sintéticos conhecidos.
O OEDT monitoriza constantemente a Internet, veículo privilegiado para a venda destas substâncias e registou um aumento de lojas "online" que as comercializam: de 170 em janeiro de 2010, o número subiu para 690 em janeiro deste ano.
Os "euforizantes legais" ou "químicos para efeitos de pesquisa", como são vendidos, são um "fenómeno global que cresce a um ritmo sem precedentes", indica o OEDT no relatório.
Entre as novas substâncias descobertas no ano passado estão também variantes das catinonas como a mefedrona - uma substância análoga às anfetaminas conhecida como "miau miau" e acrescentada este ano à lista de substâncias proibidas em Portugal.

http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=2442003&page=-1

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Portugal foi um dos cinco países onde subiram mortes na estrada devido ao álcool

Portugal foi um dos cinco países da União Europeia onde as mortes na estrada em consequência da ingestão de bebidas alcoólicas aumentaram entre 2001 e 2010, indica um estudo divulgado, esta segunda-feira, em Bruxelas.


Os dados, recolhidos pelo Conselho Europeu de Segurança nos Transportes (ETSC), indicam que em Itália, Chipre, Israel, Portugal e Roménia houve um aumento das mortes na estrada motivadas pelo excesso de álcool, ao passo que nos restantes 22 Estados-membros da UE o aumento foi menor quando se analisa a alteração percentual média entre os anos de 2001 e 2010. 

O ETSC, organização independente sem fins lucrativos sedeada em Bruxelas, recorda que a Europa é o continente onde maiores excessos relacionados com o consumo de álcool sucedem e onde um quinto da população adulta tem "momentos constantes de excesso de consumo".
A organização estima que 6500 das 31 mil mortes registradas em 2010 poderiam ter sido evitadas se os limites de consumo de álcool tivessem sido respeitados pelos condutores europeus. 

República Checa, Irlanda, Noruega e Suécia são casos considerados exemplares no espaço europeu, com políticas de prevenção que devem ser tidas em conta por outros Estados-membros, sublinha a ETSC.

(...)
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=2436944

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Novas drogas preocupam médicos

A droga ‘Miau miau’ (mefedrona) foi proibida em Portugal há menos de três semanas, mas já estão à venda substâncias alternativas que produzem os mesmos efeitos. O consumo destes produtos – comercializados como ‘fertilizantes’ em  smart shops  _– está a preocupar os especialistas e já levou aos hospitais dezenas de utilizadores com surtos psicóticos.
A mefedrona – que foi associada a pela menos quatro dezenas de mortes no Reino Unido e na Irlanda – tem efeitos semelhantes aos da cocaína ou ecstasy e desde 2010 que havia uma recomendação para a sua proibição pela Comissão Europeia.
Há menos de 20 dias, a droga passou também a integrar a lista de substâncias proibidas em Portugal, a par da heroína ou da cocaína.
«A proibição é um claro sinal de que esta substância traz riscos. Mas já há substitutos da mefedrona a circular» , alerta João Goulão, presidente do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e Dependências.
O especialista reconhece que mesmo com fiscalização há grandes dificuldades em controlar este mercado. «Estão constantemente a ser lançadas novas substâncias, com ligeiras alterações moleculares para produzirem os mesmos efeitos», o que torna também difícil controlar o seu consumo e sobretudo avaliar os riscos para a saúde destas novas substâncias.
«É um constante jogo do gato e do rato» , resume João Goulão.
Os efeitos de euforia da mefedrona são semelhantes aos da cocaína. E são idênticos aos dos produtos que, desde há cerca de um ano, começaram a ser vendidos em algumas smart shops portuguesas e que, segundo os rótulos, não contém mefedrona. Algumas tinham mesmo uma etiqueta colorida garantindo que não continham esta substância.
«Estas drogas têm efeitos semelhantes à cocaína mas são muito mais baratas» , diz Pedro, que era consumidor de mefedrona e agora compra pacotinhos semelhantes, mas que já não contém a substância proibida. Cada pacote de Bloom , um grama, custa numa smart shop do Bairro Alto, em Lisboa, 36 euros. Um meio grama não chega a 20 euros e aos iniciados é suficiente para garantir «uma moca» durante várias horas, explica outro consumidor.
As lojas estão abertas de manhã à noite. Todos os produtos vendidos são lícitos e portanto podem ser consumidos em qualquer local. «Hoje é fácil comprar drogas lícitas, há lojas em todo o lado, abertas a toda a hora e até têm serviço de estafetas», diz Pedro.
Crises psicóticas e casos de ansiedade
Mas as crises de ansiedade e alucinações provocadas pelo consumo de ‘fertilizantes’ alternativos à mefedrona estão a deixar preocupados os médicos que combatem o consumo de drogas.
No início do Outono, uma série de doentes com crises psicóticas começaram a chegar às urgências do Hospital de Faro. Tinham sintomas paranóides: ansiedade, sensação de perigo e de estarem a ser perseguidos.
«Eram pessoas jovens com episódios de crise psicótica e que tinham consumido drogas legais» , explica Norberto Sousa, coordenador da Equipa Técnica Especializada de Tratamento da Toxicodepedência do Sotavento algarvio.
«O que nos chamou a atenção foi o número de casos – cerca de uma dezena – tão concentrados no tempo. Foram atendidos em apenas um mês e meio e foi por isso que alertamos os serviços centrais» , diz o responsável, adiantando terem fortes suspeitas de intoxicação com substitutos de mefedrona, eventualmente combinados com outras substâncias.
A maioria destes doentes eram jovens _- os principais consumidores destas drogas. Mas não só. «Os casos que conheço são de poli-consumidores de drogas, já com 40 anos» , diz o médico.
«Como estas drogas são mais baratas e têm efeitos semelhantes aos da cocaína, que é cara e má no Algarve, estes toxicodependentes começaram a experimentar », justifica.
O especialista diz que estas drogas legais têm efeitos semelhantes a estimulantes como o LSD, mas mais preocupantes: «As alterações do humor são mais acentuadas do que com as drogas clássicas: muita ansiedade, muitas crises de insónia» .
A proibição da mefedrona terá feito os consumidores virarem-se para outros ‘fertilizantes’ e trouxe ao mercado novos produtos. « São substâncias menos conhecidas e com efeitos menos previsíveis» , diz o médico.
O administrador das duas smart shop Magic Mushroom, em Lisboa, garante, porém, que os produtos que comercializa são todos livres de mefredona e que a sua substituição começou no início do ano passado, muito antes de a droga ser proibida. «Não substituímos a mefredona por nenhuma substância, nem temos conhecimento de qualquer queixa em relação a estes produtos» , disse Helder Pavão.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Consumo de álcool pode aumentar doenças hepáticas entre os jovens

A Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado receia um aumento das doenças hepáticas por álcool em pessoas jovens dentro de uma década devido ao consumo "cada vez mais precoce e intenso". 
"O consumo cada vez mais precoce é um problema que tem sido um pouco esquecido, tememos que, num futuro próximo, uma década, se venham a notar mais casos do que o habitual de doenças hepáticas graves em pessoas relativamente jovens, na casa dos 30 anos", alertou Armando Carvalho, presidente da Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado (APEF).
Armando Carvalho falava à Lusa a propósito da 15.ª reunião anual da APEF e da 2.ª Reunião Luso-Brasileira de Hepatologia, que decorrem sexta-feira e sábado, em Coimbra.
O especialista manifestou-se preocupado com o consumo de álcool "mais intenso e pesado" entre os adolescentes, que "correm muito mais riscos, e mais precocemente, de virem a ter uma doença hepática grave".
"Antigamente, via-se muito pessoas ainda em idade jovem com problemas hepáticos graves devido ao consumo de álcool, mas nas aldeias. Tememos que agora comecem a surgir em pessoas de outro nível, jovens universitários", referiu.
Armando Carvalho defende, por isso, que "seria muito importante que fosse realizada uma forte campanha nacional para prevenir o consumo de álcool entre os jovens".
Numa entrevista à Lusa, domingo passado, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Leal da Costa, admitiu que tem "falhado tudo" para desincentivar os jovens do consumo de álcool e defendeu a realização de uma campanha que envolva a escola, a família e os serviços de saúde.
Em declarações à Lusa, o presidente da APEF explica que as cirroses (doença grave irreversível do fígado) surgem "dez a 20 anos após o consumo excessivo de álcool e estimativas por baixo (defeito) apontam para que em Portugal uma em cada cinco pessoas consome álcool em níveis que podem ser perigosos para o fígado (a partir de 30 a 40 gramas por dia)".
"Não é preciso haver um aumento do consumo de álcool associado à crise que o país atravessa para que seja um problema em Portugal", considerou o especialista.
Estima-se que em Portugal "dois milhões de pessoas consomem álcool em quantidades perigosas, meio milhão são alcoólicos e, destes, 20 por cento acabarão com uma doença grave do fígado", alertou.
Armando Carvalho aponta "todo um negócio à volta da juventude, da noite, em que o ambiente é propício a consumos elevados de álcool" e adverte que, "se não houver fiscalização adequada, o aumento da idade legal para o consumo, de 16 para 18 anos, pode ter um impacto reduzido".
A cirrose hepática é apontada, sublinha a APEF, como a décima causa de morte em Portugal, sendo causada maioritariamente (70 a 85 por cento dos casos) pelo consumo de álcool.
"Ao contrário do que acontece com a diabetes e a hipertensão, não há um plano nacional de saúde dirigido às doenças do fígado, nem sequer à doença hepática do álcool", critica o especialista.
Outras das doenças em discussão no encontro são as hepatites víricas, a "B" e a "C", esta última para a qual existem dois medicamentos novos que aguardam a entrada no mercado português.
"São dois medicamentos bastante caros, que terão um acréscimo no custo do tratamento bastante significativo, 20 mil a 25 mil euros por doente, mas que aumenta a eficácia do tratamento da Hepatite C de quatro para sete em cada dez doentes", precisou.

http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Saude/Interior.aspx?content_id=2412743&page=-1