segunda-feira, 31 de maio de 2010

Cancro do pulmão aumenta mais entre as mulheres

O maior consumo de tabaco por parte das mulheres e o facto de terem começado a fumar mais tarde está a provocar um crescimento mais acentuado do cancro do pulmão na população feminina e a tendência deve reforçar-se nos próximos anos. A situação não é exclusiva de Portugal e, por isso, o Dia Mundial sem Tabaco é hoje dedicado às estratégias de marketing que a indústria tabaqueira tem direccionado para as mulheres.

Em Portugal, de acordo com a Direcção-Geral de Saúde, o consumo de tabaco tem registado um ligeiro decréscimo nos adolescentes do sexo masculino, mas, em contrapartida, tem aumentado nas adolescentes e mulheres jovens. De uma forma geral, as mulheres portuguesas estão a fumar mais e isso, conclui o oncologista do IPO e membro do Grupo de Estudo do Cancro do Pulmão, António Araújo, "vai repercutir-se na incidência do cancro do pulmão".

"O cancro do pulmão tem vindo a aumentar mais nas mulheres do que nos homens e não há dúvida de que nos próximos anos esta tendência vai acentuar-se", defende o oncologista. A explicação pode não estar apenas nos padrões de consumo: "Há evidências cada vez maiores de que o organismo da mulher metaboliza com mais dificuldade os produtos carcinogénicos do tabaco e, por isso, as mulheres são mais susceptíveis e correm mais risco de desenvolver cancro do pulmão".

As alterações nos hábitos de consumo do tabaco, defende a docente de Medicina Preventiva e Epidemiologia da Universidade da Beira Interior, Sofia Ravara, começaram a registar-se em Portugal na década de 70 e acompanharam "o processo de emancipação da mulher". Hoje, "fumar está a tor- nar-se num comportamento cada vez mais feminino", sustenta.

A tendência não é exclusiva de Portugal. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), dos mil milhões de fumadores que há no mundo apenas 20 por cento são do sexo feminino. No entanto, a "epidemia do tabaco está a crescer muito mais" junto das mulheres do que nos homens.

Parte do problema, defende a OMS, reside nas estratégias de marketing da indústria tabaqueira, que definiu as mulheres, em particular as mais jovens, como o mercado onde podem conquistar novos consumidores. "As mulheres representam uma enorme oportunidade para a indústria tabaqueira que precisa de conquistar novos consumidores para substituir quase metade dos fumadores actuais que deverão morrer prematuramente, por causa de doenças relacionados com o consumo de tabaco", sustenta a OMS na página dedicada ao Dia Mundial sem Tabaco.

Para Sofia Ravara, as campanhas publicitárias dirigidas às mulheres procuram, sobretudo, associar o tabaco a imagens de "glamour, sofisticação e elegância, alimentando mitos como o de que o tabaco faz emagrecer ou ajuda a aliviar o stress". "É urgente desenvolver políticas de saúde e medidas de sensibilização dirigidas às mulheres, em particular às mais jovens, que é a faixa etária onde se tem registado uma maior crescimento no número de fumadores".

André Jegundo
http://www.publico.pt/Sociedade/cancro-do-pulmao-aumenta-mais-entre-as-mulheres_1439785

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Mais de dois milhões de portugueses bebem álcool em excesso

Cerca de 2,3 milhões de portugueses são considerados bebedores excessivos numa altura em que dois terços das doenças hepáticas são causados pelo consumo excessivo de álcool, de acordo com dados divulgados pela Sociedade Portuguesa de Hepatologia.

“O consumo em excesso de álcool apresenta-se como uma das causas principais para o desenvolvimento de doenças do foro hepático, sendo a cirrose hepática a mais vulgar e a décima causa de morte em Portugal. Dados preocupantes, sobretudo se considerarmos a taxa de adolescentes portugueses que consomem álcool em excesso”, escreve a Sociedade Portuguesa de Hepatologia, em comunicado.

Segundo a mesma fonte, há também perto de dois milhões de adolescentes que consomem álcool em excesso e um terço dos jovens com 13 anos já é consumidor deste tipo de bebidas. “Metade dos jovens com 15 anos já se embebedaram”, estima a sociedade.

Desta forma, o tema do consumo de álcool em excesso será transversal ao programa do 3º Congresso Português de Hepatologia que irá também abordar outras patologias do foro hepático, nomeadamente as hepatites B e C. Em Portugal, estão diagnosticados cerca de 150.000 a 200.000 casos desta doença crónica que muitas vezes degenera em cirrose. No caso da hepatite C, a chamada hepatite silenciosa porque se pode manter assintomática durante 40 anos, estima-se que o número de incidências possa variar entre as 170.000 e as 200.000 pessoas infectadas. Contudo, os números podem ser bem mais elevados.

“Estes números são relevantes e preocupantes já que quando existe uma manutenção da doença sem os devidos cuidados terapêuticos, o fígado pode evoluir para cirrose, que mais tarde pode vir a descompensar sendo necessário um transplante. Prevê-se que até ao final de 2015 haja um aumento de 70 por cento nos casos de cancro do fígado e as necessidades de transplante hepático em Portugal estão 400 por cento acima da média. É importante referir que geralmente o cancro do fígado se desenvolve num fígado cirrótico e raramente num fígado são”, lê-se no mesmo comunicado.

Romana Borja-Santos

http://www.publico.pt/Sociedade/mais-de-dois-milhoes-de-portugueses-bebem-alcool-em-excesso_1437224

terça-feira, 11 de maio de 2010

Nov'Ellos na Queima Das Fitas 2010





Como vem sendo hábito, a Associação Existências através do Projecto Nov'Ellos, está a colaborar com o projecto Antes que te Queimas, da ESENFC, na intervenção na Queima das Fitas 2010.
Os objectivos da intervenção passam pela redução dos consumos, de álcool e outras substâncias, e dos comportamentos de risco associados, através da disponibilização de material informativo e preventivo e do esclarecimento de questões através do contacto directo com os participantes no evento.
A intervenção decorre desde o dia 8 de Maio até ao dia 14 entre o Largo da Portagem e a zona de entrada do Parque.




quinta-feira, 6 de maio de 2010

80% bebem álcool aos 15 anos

Cerca de 80% dos jovens com 15 anos consomem bebidas alcoólicas, revelou Augusto Pinto, da Unidade de Alcoologia de Coimbra do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT), ontem, quarta-feira, ao JN. O I Encontro da Rede Institucional das Adições de Coimbra foi o pretexto.

"Não há capacidade de controlo, a legislação não é eficaz. Os pais também facilitam, são altamente permissivos, e são eles que, habitualmente, financiam (o consumo de bebidas alcoólicas)", defendeu Augusto Pinto, já no final da sua intervenção na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação de Coimbra.

No entender de Augusto Pinto, a raiz do problema pode estar no facto de a sociedade portuguesa ser "extremamente tolerante para com este consumo". Ou, dito de outra maneira: "Grande parte da população tem uma relação positiva e intimista com o álcool. Temos dificuldade em ver (o alcoolismo) como uma doença perigosa". A "mobilização social" a que se assistiu quando se planeou reduzir a taxa limite de alcoolemia, nos condutores, dos actuais 0,5 grama de álcool por litro de sangue para 0,2 constitui, para Augusto Pinto, o exemplo perfeito de como esta "relação positiva" com as bebidas alcoólicas impera em Portugal. Para combater isto, "é necessário educar, consciencializar mais, valorizar estas questões".

E, lembra o responsável, "o álcool é uma substância legal, que tem uma componente económica importante", e "a Europa é a primeira produtora".

Em declarações ao JN, Augusto Pinto explicou que o consumo de álcool tem subido, nos últimos anos, em Portugal. Estudos recentes do IDT mostram que perto de 80% da população consome bebebidas alcoólicas ao longo da vida. As formas de beber é que mudaram. Hoje, as camadas mais jovens da população já "não têm o vinho como primeira bebida", optando, antes, pelas bebidas destiladas, fruto da "pressão da publicidade".

O responsável mostrou-se, ainda, "muito preocupado" com o aumento do consumo feminino, que se traduz num aumento da doença hepática alcoólica nas mulheres, mais vulneráveis ao álcool. Enquanto a doença atinge os homens ao fim de dez ou 20 anos de consumo excessivo, para as mulheres bastam cinco.

Carina Fonseca, JN

http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=1561738