sexta-feira, 29 de junho de 2012

Processos por venda e consumo de álcool a menores de 16 anos atingiram o mínimo em 2011

Os processos de contra-ordenação por violação da legislação que proíbe a venda e consumo de álcool a menores de 16 anos atingiram no ano passado o seu mínimo desde que esta competência pertence à Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE). Foram abertos apenas 16 processos.

Nos seis anos desde que cabe à ASAE a fiscalização desta área, tem aberto mais processos de contra-ordenação por venda de álcool a menores de 16 anos, (foram 137 desde 2006, o que dá uma média anual de cerca de 23), no caso do consumo foram apenas 81 processos o que dá uma média de 13 por ano. Este ano, até Abril, foram abertos sete (cinco por venda, dois por consumo).

De acordo com os números fornecidos pelo organismo, nunca este número foi tão abaixo como no ano passado, tendo sido abertos apenas 16 processos (12 por venda e 4 por consumo), o máximo tinha acontecido em 2007, com 50 (31 por venda e 19 por consumo).

De acordo com o último Estudo sobre o Consumo de Álcool, Tabaco e Drogas, de 2011, feito junto de alunos do ensino público dos 13 aos 18 anos, 12,9% dos estudantes portugueses de 13 anos responderam ter consumido álcool nos últimos 30 dias, 8,4% já se tinham embebedado alguma vez na vida.

O director-geral do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (ex-Instituto da Droga e da Toxicodependência), João Goulão, referiu já, em diversas ocasiões, que é preciso mudar a forma como é feita a fiscalização nesta área para a tornar eficaz, isto porque, actualmente, as autoridades só podem intervir quando há flagrante delito, ou seja, nada podem fazer quando vêem um jovem com menos de 16 anos de bebida na mão dentro de uma discoteca ou de um bar, só podem intervir quando as autoridades presenciam a venda e isso dificilmente acontece, nota.

Nas propostas de alteração à lei do álcool, que incluem a subida legal dos 16 para os 18 anos, isso estava previsto, refere o dirigente, mas desconhece o que vai ser aprovado, havendo o risco de a mudança de idade legal para beber pouco mudar se nada for feito para corrigir a ineficácia da fiscalização existente em relação à regra de lei dos 16 anos. Contactado pelo PÚBLICO, o assessor de imprensa do Ministério da Saúde diz que não há data marcada para as mudanças legislativas mas que a questão terá ainda de ir ao Parlamento.

Recorde-se que, no ano passado, o secretário de Estado adjunto e da Saúde, Leal da Costa, anunciou que finalmente – a medida tem sido preconizada por sucessivos governos – o aumento da idade legal para beber passaria dos 16 para os 18 anos e já em 2012, sendo supostamente apenas uma das medidas criada para desincentivar os jovens de beber.

Leal da Costa explicou, na altura, que além da “preocupação de saúde pública", a ideia era também acompanhar o que se passa a nível de outros países europeus em que só são permitidos a venda e o consumo a partir dos 18 anos. O governante, que é médico, afirmou que o facto de, neste momento, estar disponível a compra de álcool a menores de 16 "tem levado a que haja claramente abusos e, além do mais, também é sabido que o álcool é particularmente mais tóxico nas crianças e nos adolescentes do que nos adultos", tendo adiantado que a carga da doença associada ao álcool é "muito pesada", representando um custo superior a 200 milhões de euros por ano.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Consumo de droga no mundo

Cerca de 230 milhões de pessoas consomem drogas em todo mundo, e 27 milhões são dependentes de cocaína e heroína, revela a agência da ONU para as drogas e o crime, no seu relatório anual.

O diretor da agência, Yuir Fedotov, afirmou, na apresentação do relatório, que "a heroína, cocaína e outras drogas continuam a matar cerca de 200 mil pessoas por ano", contribuindo também para o aumento da insegurança e para a disseminação do VIH.

O canábis continua a ser a droga mais "popular", com um número de consumidores que pode atingir 220 milhões e um aumento da produção da forma herbácea da droga, a marijuana, na Europa.
A resina de canábis, vulgarmente conhecida como haxixe, vem principalmente do norte de África e é consumida maioritariamente na Europa, mas o Afeganistão começa a impor-se como país fornecedor do mercado europeu, com o canábis a transformar-se no cultivo mais lucrativo naquele país.
Esta é uma conclusão apoiada pelo relatório do Observatório Europeu da Droga e Toxicodependência (OEDT), cujo diretor, Wolfgang Götz, disse à agência Lusa que o aumento da produção doméstica na Europa diminui os riscos para os produtores, que não têm tantos problemas em fazer circular a droga.
A esta produção "caseira" associam-se "violentos grupos de crime organizado", referiu, indicando que as polícias europeias estão cada vez mais bem equipadas para detetar estas explorações, normalmente situadas em "zonas industriais ou agrícolas abandonadas", e quase sempre detetadas pelos consumos elevados de água ou eletricidade, usados no cultivo intensivo.

No relatório, destaca-se o aumento de produção de ópio no Afeganistão, com mais de 80% da produção mundial em 2011 concentrada naquele país, onde se tinha registado uma quebra acentuada em 2010, devido a doenças das plantas.
Em 2011 produziram-se no Afeganistão 5800 das sete mil toneladas a nível mundial, um aumento de 61% em relação ao ano anterior. Birmânia, com 610 toneladas, e Laos, com 25 toneladas, são outros dos maiores produtores mundiais de ópio.
A ONU conclui que o consumo de opiáceos na América do Norte e na Europa está estável ou a decair, mas quanto à África e Ásia, onde são consumidos cerca de 70% dos opiáceos, não há dados que permitam tirar conclusões.

Quanto à cocaína, no relatório coloca-se o número de consumidores entre os 13,3 e os 19,7 milhões, sobretudo na Europa, América do Norte e Austrália, onde o consumo sobe.
A oferta mundial de cocaína proveniente da Colômbia desceu com a diminuição da área de cultivo de 2007 para 2010, mas a produção deslocou-se para a Bolívia e Peru.
As anfetaminas e estimulantes análogos, "o segundo tipo de droga mais utilizada no mundo", viram o consumo estabilizar e as apreensões aumentar, com 45 toneladas de meta-anfetaminas apanhadas pelas autoridades em 2010 (mais do dobro do que se verificou em 2008), e 1,3 toneladas de Ecstasy (em 2009 foram apreendidos 595 quilogramas).
Yuri Fedotov apelou aos países produtores e consumidores para participarem na luta "contra este flagelo", alertando que o consumo "provavelmente irá aumentar à medida que os países em desenvolvimento começarem a imitar o estilo de vida das nações industrializadas".
"Atualmente, apenas cerca de um quarto de todos os agricultores envolvidos em culturas de drogas ilícitas, em todo o mundo, têm acesso à assistência para ao desenvolvimento. Se quisermos oferecer novas oportunidades e alternativas genuínas, isto precisa de mudar", defendeu.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Novo método português detecta drogas em minutos e com amostras mínimas

Drogas legais, muitas vezes confundidas ou ocultadas com embriaguez provocada pelo álcool, podem agora ser detectadas em minutos e com amostras mínimas, graças a um novo método criado pela Universidade da Beira Interior (UBI), na Covilhã.
O processo está a ser desenvolvido no Centro de Investigação em Ciências da Saúde (CICS) da UBI para detectar piperazinas, comprimidos alucinogénos vendidos em lojas e na Internet, e a partir deste mês passará a detectar drogas legais baseadas em extratos de plantas.

Vai também passar a ser possível realizar a análise a partir de saliva ou em cadáveres, para além das análises actualmente feitas em urina, explica a investigadora Eugénia Gallardo, orientadora do trabalho de Ivo Moreno e Beatriz Fonseca, alunos de bioquímica.

A facilidade de acesso às drogas e a sua rápida disseminação no espaço europeu incentivaram Ivo Moreno a desenvolver um processo que considera útil e que, no limite, pode salvar vidas. A rapidez dos resultados pode ajudar em situações “de intoxicação, em hospitais, ou pode ajudar outras autoridades, em detenções ou acidentes rodoviários”, exemplifica o aluno.

O trabalho foi premiado pela Polícia Judiciária e Universidade de Coimbra no início do ano e, no próximo mês, vai ser apresentado no 22.º Congresso da Academia Internacional Medicina Legal, em Istambul, na Turquia.

O que distingue o método inventado na Covilhã é o facto de usar um dispositivo difundido no final da última década de “microextração de amostras em seringa empacotada”.

Trata-se de um tipo de seringa “dirigido para análises ambientais e que tinha pouca utilização em toxicologia clínica e forense”, até que a equipa do centro de investigação da UBI se cruzou com ele em trabalhos de pesquisa. A partir daí, “resolvemos apostar na sua utilização, sem saber à partida qual seria o resultado, e correu bem”, destaca Eugénia Gallardo.

Graças à microextração, o processo de detecção de drogas necessita apenas de cerca de 100 microlitros de urina para em 15 minutos, ou até menos, revelar através de gráficos no ecrã de um computador se há presença de drogas ou não.

A investigação do CICS decorre em parceria com o Serviço de Toxicologia Forense do Instituto Nacional de Medicina Legal - Delegação do Sul. Para já, o método está em aplicação nos laboratórios do centro de investigação, na Covilhã, onde está a ser aperfeiçoado, mas “está publicado e aberto à utilização de quem necessitar”, destaca Eugénia Gallardo.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Adolescentes Portugueses consumo de tabaco, álcool e drogas

Adolescentes portugueses na média europeia no consumo de tabaco, álcool e drogas É o que demonstram os resultados que constam do Relatório Europeu que apresenta as prevalências e os padrões de consumo das diversas substâncias psicoactivas, em 2011, entre os adolescentes de 39 países. O estudo é divulgado esta quinta-feira. As principais conclusões apontam para a estabilidade na maioria dos países, excepto no caso dos inalantes. A Islândia, Albânia, Bósnia, Moldávia e Montenegro apresentam valores mais baixos; a Polónia e Portugal mantêm-se na média europeia e a República Checa, Estónia, França, Letónia, Mónaco e Eslovénia apresentam-se com os valores mais elevados. Este estudo – intitulado European Scholl Survey Project on Alcohol and other Drugs /2011 - ESPAD – apresenta a evolução dos consumos dessas substâncias desde 1995, por país e globalmente. Em Portugal, o estudo foi apoiado pelo Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT)/Ministério da Saúde e Ministério da Educação. O objectivo consiste em acompanhar a evolução dos consumos de álcool, tabaco e outras drogas entre os adolescentes que frequentam escolas públicas e que completam 16 anos no ano em que o estudo decorre. Dois mil inquiridos Segundo Fernanda Feijão, a coordenadora nacional do ESPAD, a recolha de dados em Portugal decorreu imediatamente a seguir às férias da Páscoa e a amostra é de dois mil alunos. Os principais indicadores analisados foram as prevalências de consumo do tabaco e de álcool nos últimos 30 dias; as prevalências de consumo intensivo episódico de álcool nos últimos 30 dias; o volume de álcool puro consumido no último dia; as prevalências ao longo da vida de cannabis e de outras drogas e as prevalências ao longo da vida de medicamentos e de inalantes. Destes indicadores, em Portugal registaram-se aumentos relativos ao tabaco, drogas e inalantes – como refere um estudo anterior apresentado em Novembro de 2011 – e estabilidade ou decréscimo nos indicadores do álcool. A análise europeia dos resultados tem em conta a entrada, em 2011, de países do sudeste da Europa e de países da região dos Balcãs e a saída de alguns países da Europa ocidental que tinham consumos elevados, o que fez com que as médias europeias tenham baixado. A posição de Portugal e de outros países que costumavam estar abaixo da média, aproximou-se assim da média. Portugal destaca-se agora com melhores resultados em comparação com os restantes países que, em 1995, apresentavam valores próximos. No que respeita ao álcool, os resultados indicam que Portugal está a par da Itália e dos países de Leste. “Temos muitos consumidores, mas o padrão de consumo é menos intenso do que o dos países do norte da Europa”, explica Fernanda Feijão. Nesses, há uma menor percentagem de consumidores. Contudo, são os campeões no que respeita ao consumo do álcool puro, como mostram os resultados do inquérito. Porém, os países do sul da Europa dominam na resposta relativa à percentagem de pessoas que se embriagam nos últimos 30 dias. Quanto ao consumo de cannabis, de longe a droga ilícita mais usada, Portugal ocupa uma posição ligeiramente acima da média, registando-se um valor elevado quanto ao consumo de anfetaminas. O consumo de tranquilizantes adquiridos sem receita situa-se dentro da média relativamente aos outros países, segundo o mesmo estudo. Menos a experimentar Considerando o período compreendido entre 1995 e 2011, os dados disponíveis indicam que o maior aumento de consumo de álcool se observou na Croácia, Hungria, Eslováquia e Eslovénia, tendo havido uma redução em países como a Islândia, a Finlândia e a Ucrânia. O aumento do consumo de cannabis foi registado na República Checa, Eslováquia, e Estónia, tendo diminuído na Irlanda e no Reino Unido. Estes dois países registaram igualmente assinaláveis decréscimos no consumo de outras drogas ilícitas, além da cannabis. Em Novembro passado, os resultados do estudo sobre o Consumo de Álcool, Tabaco e Drogas por Alunos das Escolas Públicas Portuguesas realizado pelo IDT revelavam que havia “menos alunos a experimentar mas os que já experimentaram consomem mais vezes, em maiores quantidades e bebidas com maior teor alcoólico”, segundo a responsável pela investigação, Fernanda Feijão. O mesmo se constatava quanto aos consumidores de tabaco: “menos consumidores experimentais (ao longo da vida) mas mais consumidores actuais (nos últimos 30 dias)”. Jornal Público 31.05.2012 Por Paula Torres de Carvalho http://www.publico.pt/Sociedade/adolescentes-portugueses-na-media-europeia-quanto-ao-consumo-de-tabaco-alcool-e-drogas-1548327?p=1