sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Aumenta consumo de álcool, tabaco e "cannabis" entre jovens do secundário


Os jovens do 3º ciclo e do secundário estão a aumentar o consumo de álcool, tabaco e "cannabis", mas diminuiu a ocorrência de embriaguez. Ainda assim, no ano passado, um em cada quatro alunos do secundário apanhou uma bebedeira.
Nos últimos cinco anos, aumentou de 79 para 87% o número de jovens do secundário que consumiu bebidas alcoólicas no último ano, sendo este aumento consistente tanto no vinho, cerveja, bebidas destiladas e espirituosas.
Os dados constam do Inquérito Nacional em Meio Escolar a alunos do Secundário e do 3º ciclo, realizado em Maio de 2011, e que foi esta manhã apresentado em Lisboa.
Em 2011, cerca de um quarto (25%) dos alunos do secundário - ou seja, 60 mil alunos - já tinha apanhado uma bebedeira no último ano, um número elevado mas que, ainda assim, corresponde a uma diminuição face ao último inquérito realizado em 2006 (29%).
Ao nível do tabaco, o inquérito também mostra um aumento do consumo: quase metade (48%) dos alunos afirma ter fumado ao longo do último ano e mais de um terço (cerca de 90 mil alunos) fumam regularmente, uma prevalência que é superior à registada em 2001 (32%).
Preocupante é a prevalência do consumo de cannabis no secundário: 16% dos alunos (cerca de 40 mil) afirma ter consumido essa droga no último mês, sendo que a prevalência de consumo no último ano aumentou de 16% para 23% de 2006 para 2011.

http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Saude/Interior.aspx?content_id=2837069

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Há mais jovens a beber e a consumir cannabis

O consumo de álcool, de tabaco e de droga aumentou entre os alunos das escolas públicas, revelam os primeiros resultados do Inquérito Nacional em Meio Escolar divulgados esta quinta-feira, em Lisboa.

No ensino secundário, mais de dois terços (68%) dos alunos disseram, quando foram questionados, que tinham ingerido álcool nos 30 dias anteriores e 16% relataram uso de drogas — sendo que a mais consumida é, de longe, a cannabis.

Isto significa que 40 mil jovens do secundário reportam consumos recentes de cannabis. E que o aumento em relação ao último inquérito, feito em 2006, foi de sete pontos percentuais, quebrando uma tendência de quebra que parecia desenhar-se em anos anteriores.

No que diz respeito ao álcool, a evolução é semelhante. O número dos que relatam consumo “nos últimos 30 dias” cresceu 10 pontos percentuais. A cerveja é a bebida preferida (51%), seguida das destiladas (50% dizem ter consumido no mês anterior ao inquérito). Dois em cada dez jovens relatam episódios de embriaguez recente.

No 3.º ciclo do ensino básico a tendência é semelhante. Em 2006, 32% dos alunos diziam ter bebido no mês anterior ao inquérito. Em 2011, a percentagem subiu para 37%.

Quanto às drogas, a percentagem de consumo nos “últimos 30 dias” passa de 5 para 6% — o que corresponde à volta de 23 mil alunos. O número dos que falam de embriaguez nos últimos 30 dias mantém-se estável (7%).

Este números não revelam a quantidade de jovens que já experimentaram alguma das substâncias analisadas no estudo — essas são sempre muito maiores e basta dizer que no secundário, por exemplo, o peso dos que contam que já consumiram cannabis alguma vez na vida é de 29%.


Mudanças nas smartshops

O estudo, da responsabilidade do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e Dependências, o organismo que sucedeu ao Instituto da Droga e Toxicodependência, abrangeu cerca de 65 mil alunos. A recolha de dados aconteceu em Maio de 2011.

Esta manhã, durante a apresentação, o secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa, lembrou que em períodos de crise há uma tendência para o aumento dos consumos. E mostrou-se preocupado com o facto de parecer estar a ganhar terreno a ideia de que a cannabis é inócua. “É uma percepção errada. O consumo de cannabis aumenta o risco de psicoses, de esquizofrenia” e de outras doenças, como “mostram vários estudos científicos”.

Sublinhou ainda a necessidade de regulamentar a venda de álcool a menores de 18 anos. E prometeu mudanças para breve na legislação relacionada com as smartshops (“que de smart têm pouco, pelo que considero essa expressão demasiado benévola”, disse), onde se vendem as chamadas “drogas legais”.

“Essas substâncias têm uma elevadíssima toxicidade”, lembrou Leal da Costa. E o facto dos seus efeitos serem muitas vezes desconhecidos dos próprios médicos faz com que os serviços de urgência dos hospitais tenham muito mais dificuldade em lidar com os casos de intoxicação que lhes chegam.

Consumos de álcool e drogas em adolescentes

Nos últimos cinco anos aumentaram os consumidores de bebidas alcoólicas no terceiro ciclo, ou seja, por volta dos 14/15 anos, tanto na experimentação como no consumo recente, mas a embriaguez esta em queda.
De acordo com dados do Inquérito Nacional em Meio Escolar, divulgados há pouco, 67% dos alunos já experimentaram álcool, quando cinco anos antes a prevalência era de 60 por cento. No ultimo ano, 55% beberam álcool, mas as bebedeiras caíram de 11 para 7% e 28% consumiram tabaco.
No terceiro ciclo subiram consumidores de tabaco, que em 2006 estava nos 22% e passou para 28 nos últimos 12 meses. Na cannabis o efeito foi semelhante, embora em menor grau. Um em cada dez alunos já experimentou drogas, 9% cannabis. Mas no ultimo ano, o consumo global de droga estava nos 9%, descendo a 6% no último mês.
A região com maiores consumos é a do Douro. Um em cada dez alunos embriagou-se no ultimo mês e 35% fumaram no último ano. 

http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=2836879

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Relatório do Reino Unido cita Portugal como exemplo no combate às drogas

Um relatório feito ao longo dos últimos seis anos e que defende a despenalização do consumo de drogas no Reino Unido cita Portugal como um exemplo de sucesso na estratégia que já implementou há quase 12 anos.
 O grupo de trabalho britânico, composto por cientistas, polícias, académicos e outros especialistas, concluiu que é altura de o Reino Unido alterar a sua legislação no sentido de despenalizar o consumo de drogas. O relatório de quase 200 páginas da UK Drug Policy Commission, citado pelo diário inglês Guardian, diz que a posse de pequenas quantidades de droga não deve continuar a ser punida criminalmente e assegura que essa mudança não acarretará um aumento do consumo.

Portugal descriminalizou em 2001 a posse de cannabis, cocaína, heroína e metanfetaminas para consumo próprio, tendo passado a considerar o toxicodependente como doente e substituído a pena de prisão com a possibilidade de o infractor ser encaminhando para uma Comissão de Dissuasão e para tratamento. Foi ainda em 1998 que Jose Sócrates, na altura ministro adjunto do primeiro-ministro António Guterres, lançou uma política integrada para a toxicodependência, que apostava na redução de riscos, nomeadamente através da vulgarização da substituição por metadona e do alargamento da troca de seringas e começou a vigorar três anos depois.

De acordo com o relatório britânico, as sanções criminais impostas anualmente a 42 mil pessoas, a juntar aos 160.000 avisos relacionados com cannabis, seriam mais produtivas se os visados fossem encaminhados para aconselhamento e tratamento. Os especialistas entendem mesmo que a despesa com este tipo de processos não tem relação de custo-efectividade comprovada.

Legalizar está fora de questão

Contudo, o documento é bastante claro e sublinha que a despenalização não deve ser acompanhada por qualquer tipo de legalização do consumo, dando como exemplo o caso holandês, país que acabou por atrair turismo relacionado com as coffee-shops e que já recuou em alguns pontos da legislação.

“Consumir drogas nem sempre causa problemas, mas isto raramente é reconhecido por quem faz as medidas. De facto, a maioria dos utilizadores não experiencia problemas significativos e há até alguma evidência de que o uso de drogas pode ter alguns benefícios em algumas circunstâncias”, lê-se no documento, citado pelo mesmo jornal. E defende que muitos problemas de consumo de drogas estão associados a outros mais profundos, como as desigualdades e a exclusão social. Por outro lado, os autores alertam que a discrepância no tratamento da droga, álcool e tabaco dificulta um combate conjunto aos seus consumos.

A ideia do grupo de peritos é começar por despenalizar o consumo de cannabis e, após uma avaliação preliminar dos efeitos, avançar para outras drogas. É neste ponto concreto que o relatório cita o exemplo de Portugal e da República Checa. E esta não é, aliás, a primeira vez que o país é citado. Vários são os estudos internacionais a elogiar a política portuguesa, que foi replicada pela República Checa, Argentina e México e que está a ser estudada em várias zonas, com especialistas nomeadamente dos Estados Unidos a virem observar a realidade portuguesa.

“A medicina passou de uma época em que tratávamos a doença com base em palpites para a sabedoria. O consenso agora é de que não é ético, eficiente e que é perigoso usar métodos não testados e não validados de tratamento e prevenção”, explicou Colin Blakemore, um dos responsáveis da comissão que fez o relatório e do British Medical Research Council.

Encaminhar para tratamentos
Em termos de dados, em Portugal, mais de 17 mil consumidores de álcool e drogas foram acompanhados em 2011 pelas equipas de reinserção do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT), que realizaram 81.750 consultas nesse ano, mais 7% que em 2010.