quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Só as bebidas espirituosas passam a estar interditas a menores de 18 anos. “É o diploma mais ridículo que já vi”, insurge-se médico.
A nova lei do álcool foi aprovada nesta quinta-feira em Conselho de Ministros AFP
O Governo tinha anunciado o aumento para os 18 anos da proibição da venda e consumo de bebidas alcoólicas. Afinal, é só para as bebidas espirituosas, mantendo-se nos 16 anos a idade mínima legal para a compra de vinho e cerveja, a bebida mais consumida nestas faixas etárias. Os especialistas criticam o recuo, que só deixou os produtores de cerveja satisfeitos.
De acordo com um diploma aprovado nesta quinta-feira em Conselho de Ministros, os jovens com menos de 18 anos passam a estar proibidos de comprar bebidas espirituosas e equiparadas, geralmente denominadas “bebidas brancas” e que são as de maior teor alcoólico.

A fiscalização pode, em caso de flagrante delito, decretar o encerramento imediato do estabelecimento durante um máximo de 12 horas. Depois, além de uma multa, que pode ir dos 2500 aos 30 mil euros, o estabelecimento pode ser encerrado durante um período de até dois anos.
O Governo decidiu também proibir a venda de bebidas entre a meia-noite e as 8h00 fora dos estabelecimentos de restauração, bares e discotecas, assim como portos e aeroportos. Ou seja, as lojas de conveniência, os postos de combustíveis nas auto-estradas e fora das localidades não poderão vender álcool durante a noite.
A intenção do Governo é “colocar barreiras ao consumo de bebidas alcoólicas por adolescentes”, mas também permitir que as forças de segurança tenham agora mecanismos mais adaptados às acções de fiscalização.
“Não tencionamos penalizar os consumidores”, garante o secretário de Estado adjunto da Saúde, pretendendo-se antes “dissuadir os estabelecimentos e os prevaricadores de insistirem na venda de bebidas alcoólicas a menores de idade”.
Não há, por isso, multas para os consumidores. Mas quando detectarem jovens a consumir bebidas alcoólicas sem que tenham idade para tal, as forças de segurança terão que notificar os pais ou responsáveis legais pelo jovem e também o centro de saúde da área de residência. No limite, a questão poderá chegar aos núcleos de apoio às crianças e jovens em risco, que deverão acompanhar o caso e enquadrar os menores.
“A partir de agora, de uma forma muito clara, assume-se que é um problema de risco de saúde e de saúde pública”, argumenta o secretário de Estado da Saúde.
Proteger o interesse das empresas
“Não há álcool bom e álcool mau”, reagem os representantes da Associação Nacional das Empresas de Bebidas Espirituosas. “É o diploma mais ridículo que já vi. O álcool é todo igual, seja vinho, cerveja ou outra coisa”, critica também o hepatologista Fernando Ramalho, em declarações à agência Lusa.
A decisão do Governo de manter a proibição de venda e consumo de vinho e cerveja nos 16 anos de idade merece apenas o aplauso da Associação Portuguesa dos Produtores de Cerveja, que considera esta medida “adequada”, porque leva em conta a realidade portuguesa.
O hepatologista Fernando Ramalho considera que, desta forma, o Governo não está interessado em proteger a saúde dos portugueses. “Sou frontalmente contra isso. É o diploma mais ridículo que já vi. O álcool é todo igual, seja vinho, cerveja ou outra coisa”, indigna-se o responsável da unidade de hepatologia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
Fernando Ramalho lamenta que “os interesses das empresas que vendem álcool se sobreponham ao interesse da saúde dos portugueses”. O especialista defende que, antes dos 18 anos, devia ser proibido o consumo de todas as bebidas alcoólicas, lembrando que é assim que acontece nos “países civilizados”.
A par desta proibição, advoga uma fiscalização intensa e medidas de educação dirigidas para os mais novos. Na Europa, ainda há países que permitem o consumo de algumas bebidas aos 16 anos, como o Reino Unido e a Bélgica, mas em Espanha, França, Irlanda ou Finlândia já se impõe os 18 anos como limite mínimo para o consumo de qualquer bebida alcoólica.
Frisando que o álcool “é todo igual”, independentemente de ser cerveja, vinho ou vodka, o hepatologista do Santa Maria e professor na Faculdade de Medicina de Lisboa lastima que haja políticos que “continuam interessados em patrocinar algumas empresas de bebidas”, escusando-se a ouvir a opinião “de quem está no terreno”. Fernando Ramalho diz que o impacto do álcool na saúde dos mais jovens é significativo e que há “situações graves” registadas no país.
A Associação Nacional das Empresas de Bebidas Espirituosas (ANEBE) também critica a medida. “Assistimos com alguma incompreensão à aparente intenção governamental de recuar na subida da idade”, disse à Lusa o secretário-geral da ANEBE, Mário Moniz Barreto, que defende a subida para os 18 anos da idade mínima da venda e consumo de todas as bebidas alcoólicas.
“Não há álcool bom e álcool mau”, diz Moniz Barreto, para quem esta diferenciação vai contra as recomendações comunitárias e internacionais, que defendem a harmonização da idade mínima nos 18 anos.
Já o secretário-geral da Associação Portuguesa dos Produtores de Cerveja (APPC) considera que a manutenção dos 16 anos como idade mínima para a venda e consumo desta bebida é “adequada” e leva em conta a realidade portuguesa. Para Francisco Gírio, existem idades mínimas de início de consumo de bebidas alcoólicas, e este “deve iniciar-se com bebidas com menor grau alcoólico”.

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O presidente da Associação de Produtores de Cerveja, Pires de Lima, que é também presidente do conselho nacional do CDS-PP, insurgiu-se de imediato contra a proposta “proibicionista”. O CDS-PP parecia demarcar-se do parceiro de coligação no avanço destas medidas. E quando, recentemente, os especialistas responsáveis pela elaboração do plano nacional de prevenção do suicídio defenderam novos limites à venda de álcool, Pires de Lima voltou a qualificar a proposta como “completamente disparatada”.
O álcool “não pode servir de bode expiatório”, defendeu o presidente da Associação de Produtores de Cerveja, argumentando que “o seu consumo tem vindo a baixar ao longo dos últimos três anos em Portugal”. Combater o mau uso do álcool passa, ainda no entender do presidente do conselho nacional do CDS-PP, “pelo investimento na educação dos jovens e pela fiscalização”.
Em entrevista ao PÚBLICO, no início deste mês, Leal da Costa voltou a confirmar o aumento da idade legal para os 18 anos, adiantando apenas que esta distinção entre bebidas alcoólicas estava em avaliação.
“[A  separação] é matéria que ainda merece alguma reflexão no interior do Governo e estamos a avaliar os cenários mais adequados à realidade portuguesa”, disse o governante, acrescentando que, “apesar de vários países europeus seguirem esse modelo de separação, o mais importante é uma fiscalização eficaz”. 
Em Conselho de Ministros, foi também aprovada uma proposta de lei que reduz para 0,2 gramas por litro de sangue o limite máximo de álcool permitido para condutores recém-encartados, assim como condutores de veículos de socorro ou de serviço urgente, de transporte colectivo de crianças e jovens até 16 anos, táxis, veículos pesados de passageiros e mercadorias, ou veículos de transporte de mercadorias perigosas.


Venda noturna de álcool proibida em alguns locais

Venda noturna de álcool proibida em alguns locais

A nova lei do álcool, hoje aprovada pelo Governo, aposta no reforço da fiscalização nos estabelecimentos de consumo e proíbe a sua venda entre as 00:00 e as 08:00 em alguns locais, como bombas de gasolina. Assim, a venda de bebidas alcoólicas só será permitida em estabelecimentos de restauração e/ou bebidas e estabelecimentos de diversão noturna.

Em conferência de imprensa, no final do conselho de ministros, o secretário de Estado adjunto do ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa, afirmou que "a venda de bebidas alcoólicas vai ser proibida entre as 00:00 e as 08:00 fora dos estabelecimentos de restauração e bebidas e dos localizados em portos e aeroportos de acessibilidade reservada a passageiros, bem como dos recintos de diversão noturna".
Leal da Costa adiantou que este diploma visa, como medida de saúde pública, "colocar barreiras ao consumo de bebidas alcoólicas por adolescentes" através do aumento da idade mínima de acesso e da proibição da sua venda em determinados locais.

http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=3066306

Deco diz que nova lei do álcool é "claro recuo" na prevenção do alcoolismo

A Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor considera que a existência de duas idades mínimas para a venda e consumo de álcool "não faz qualquer sentido" e representa um "claro recuo" na prevenção do alcoolismo.
foto STEVEN GOVERNO/Global Imagens
Deco diz que nova lei do álcool é "claro recuo" na prevenção do alcoolismo

Em reação à nova lei do álcool, aprovada em Conselho de Ministros, esta quinta-feira, Bruno Campos Santos disse à Lusa que estas medidas representam "um recuo claro na prevenção do consumo de álcool", nomeadamente a existência de uma idade mínima para a venda e consumo das bebidas espirituosas (18 anos) e outra para o vinho e a cerveja (16 anos).
"É como permitir aos jovens fumar cigarros a partir dos 16 anos e só fumar charutos a partir dos 18 anos", disse Bruno Campos Santos.
Este responsável da DECO disse desconhecer qualquer fundamento científico para esta diferenciação e considera que "vai em contramão com a realidade em Portugal".
"Todos nós sabemos que os jovens consomem mais cerveja, porque só têm poder económico para esta bebida, e consomem muito, principalmente através das «litradas»", que consistem na ingestão de grandes quantidades deste tipo de bebida.
"Só quem não conhece a realidade é que pode achar que estas mudanças vão disciplinar o acesso ao álcool", adiantou.
Bruno Campos Santos disse ainda ter dúvidas sobre a fiscalização da lei.

http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=3066719&page=-1

Nova lei do álcool não impede menores de 18 anos de beberem vinho e cerveja

A nova lei do álcool, aprovada esta quinta-feira pelo Governo, aposta no reforço da fiscalização nos estabelecimentos de consumo e proíbe a sua venda entre a meia-noite e as 8 horas em alguns locais, como bombas de gasolina.
 
foto Leonel de Castro / Global Imagens
Nova lei do álcool não impede menores de 18 anos de beberem vinho e cerveja

 
Em conferência de imprensa, no final do conselho de ministros, o secretário de Estado adjunto do ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa, afirmou que "a venda de bebidas alcoólicas vai ser proibida entre a meia-noite e as 8 horas fora dos estabelecimentos de restauração e bebidas e dos localizados em portos e aeroportos de acessibilidade reservada a passageiros, bem como dos recintos de diversão noturna".
Leal da Costa adiantou que este diploma visa, como medida de saúde pública, "colocar barreiras ao consumo de bebidas alcoólicas por adolescentes" através do aumento da idade mínima de acesso e da proibição da sua venda em determinados locais.
A nova lei introduz a diferenciação dos limites etários, passando para os 18 anos a idade mínima da venda e consumo de bebidas espirituosas.
Para o vinho e a cerveja, a idade mínima para a venda e o consumo mantém-se nos 16 anos.
Tanto Leal da Costa, como o secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Marques Guedes, recusaram, na conferência de imprensa, que o Governo esteja a ceder a pressões da indústria da cerveja e do vinho ao estabelecer esta diferenciação.
O secretário de Estado adjunto do ministro da Saúde sublinhou que com esta medida o Governo está "a eliminar em 50% o consumo de álcool em jovens e a diminuir significativamente a probabilidade de embriaguez", segundo conhecimentos estatísticos.
Leal da Costa salientou também que a nova legislação vai reforçar a fiscalização nos locais de venda e consumo de bebidas alcoólicas, correspondendo esta medida "a uma forma muito eficaz de dissuadir os estabelecimentos e os prevaricadores a vender álcool a menores de idade"
"Com o diploma será muito mais eficaz o exercício das medidas dissuasoras para os prevaricadores, prevendo-se o encerramento temporário do estabelecimento quando a lei for violada", sustentou.
Além das coimas está previsto um conjunto de sanções acessórias para os estabelecimentos, como o encerramento imediato em caso de flagrante delito ou a interdição da atividade por um período até dois anos.
O secretário de Estado afirmou também que o Governo não pretende sancionar ou penalizar comportamentos, antes pretende o Governo de forma progressiva colocar barreiras ao consumo de bebidas alcoólicas por adolescentes, especialmente os menores de 16 anos.
Leal da Costa disse ainda que a Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE) e as forças de segurança vão passar "a fazer uma fiscalização mais frequente, consequente e continuada destes processos de forma a eliminar alguns destes focos de risco".
Na conferência de imprensa, Marques Guedes afirmou também que a nova legislação vai "responsabilizar as próprias famílias", passando a ser obrigatório, em casos de deteção pelas autoridades de fiscalização de jovens em situação de intoxicação alcoólica, a notificação aos responsáveis do menor

http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=3066301&page=-1.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

proibição de venda de álcool a menores de 18 anos

Governo avança mesmo com proibição de venda de álcool a menores de 18 anos. Proposta vai "dentro em breve" a Conselho de Ministros, segundo o secretário de Estado Leal da Costa, mas medida poderá esbarrar na oposição dos responsáveis do sector e mesmo do parceiro de coligação. O Governo vai mesmo avançar com a proibição de venda de álcool a menores de 18 anos. A lei em vigor prevê que seja proibida a venda a menores de 16. A proposta de legislação conjunta entre os Ministérios da Saúde e da Administração Interna "já iniciou o seu processo legislativo" e vai "dentro em breve" ser debatida em Conselho de Ministros, adiantou o secretário de Estado adjunto e da Saúde, Fernando Leal da Costa, para quem a ideia é prevenir o abuso de álcool entre os adolescentes. O governante não esclareceu se o Governo vai também avançar com a subida generalizada do preço das bebidas alcoólicas e a definição de preços mínimos. São medidas que, conforme o PÚBLICO noticiou ontem, constam do plano de prevenção do suicídio, a concluir até final de Março, e que desencadearam já declarada oposição dos responsáveis do sector. O presidente da Associação de Produtores de Cerveja, Pires de Lima, que é também presidente do conselho nacional do CDS-PP, qualificou a proposta como "completamente disparatada". Em resposta ao director do Programa Nacional para a Saúde Mental, Álvaro de Carvalho, para quem o consumo de álcool aumenta em períodos de crise, bem como as mortes a ele associadas, nomeadamente os suicídios, o secretário-geral da Associação dos Municípios Produtores de Vinho, José Arruda, também já veio criticar o "simplismo primário" que imputa aos que pensam que "é colocando restrições ao álcool que se resolve o problema dos suicídios em Portugal". Se optar por se manter fiel àquilo que Leal da Costa defendeu publicamente em Abril passado, o Governo não se limitará a proibir a venda de álcool a menores de 18 anos. Na altura, o secretário de Estado adiantou que a comissão interministerial responsável pelas alterações à lei do álcool se preparava ainda para proibir a venda de bebidas alcoólicas nos postos de abastecimento de combustível e nas lojas de conveniência, neste último caso apenas a partir da meia-noite. A descida da taxa de alcoolemia de 0,5 gramas por litro de sangue para 0,2 gramas era outra das propostas a aplicar aos condutores encartados há menos de dois anos. Logo na altura, Pires de Lima insurgiu-se contra esta proposta "proibicionista". E, à semelhança do que aconteceu em Abril com a proposta de restrições ao tabaco (que previa a proibição de fumar em veículos privados que transportassem crianças e a proibição total de fumar em espaços fechados, incluindo bares e restaurantes), o CDS-PP poderá voltar a demarcar-se do parceiro de coligação e travar o avanço das medidas. Sobre o tabaco, recorde-se, o porta-voz do CDS, João Almeida, criticou publicamente o "fundamentalismo higiénico" do PSD. O deputado popular Hélder Amaral também admitiu votar contra. Agora, prefere não comentar por enquanto as recomendações quanto ao álcool. "Ainda estou a recolher dados", escusou-se, em declarações ao PÚBLICO. Já o seu colega de partido Pires de Lima não tem problemas em criticar o que considera ser a transformação do álcool "no bode expiatório de tudo o que corre mal no país". Na qualidade de presidente da Associação de Produtores de Cerveja, Pires de Lima diz desconhecer a existência de qualquer "estudo sério que relacione o preço do álcool com uma diminuição das depressões que levam ao suicídio". Mas, acrescenta, "mesmo que tal correlação exista, é disparatado penalizar as 99,99 por cento de pessoas que consomem álcool com moderação pela infinitésima parte dos consumidores que, por razões depressivas, podem consumir álcool e suicidar-se". "Não é pelo facto de muitos suicidas se atirarem das pontes do Tejo abaixo que vamos impedir o acesso ou aumentar as portagens na ponte", acrescenta, para considerar que "se está, de forma primária, a usar o álcool como argumento para justificar este eventual aumento da taxa de suicídios em Portugal". No mesmo sentido, Pires de Lima lembra que o álcool "não pode servir de bode expiatório", mais ainda quando "o seu consumo, nomeadamente da cerveja, tem vindo a baixar ao longo dos últimos três anos, em Portugal". Combater o mau uso do álcool passa, ainda no entender de Pires de Lima, "pelo investimento na educação dos jovens e pela fiscalização".
Jornal Público Natália Faria e Andrea Cunha Freitas http://www.publico.pt/portugal/jornal/governo-avanca-mesmo-com-proibicao-de-venda-de-alcool-a-menores-de-18-anos-25991171