domingo, 3 de julho de 2011

Jovens estão a consumir mais heroína e alucinogénios

A tendência entre os jovens para o consumo de novas drogas e, sobretudo, de drogas mais viciantes foi um dos aspectos salientados pelo director do IDT, João Goulão, quando apresentou o estudo onde foram analisadas as respostas de cerca de 12.000 jovens (com idades compreendidas entre os 13 e os 18 anos) num universo de 15.000, todos do ensino público, que foram inquiridos a nível nacional, no primeiro estudo efectuado junto desta faixa etária.

O estudo (incidência de 45 por cento de rapazes e 55 por cento de raparigas) mostra ainda que existe um ligeiro aumento do consumo de cocaína no grupo etário compreendido entre os 15 e os 16 anos e que se tem registado um aumento exponencial no consumo de cogumelos mágicos, sobretudo entre os menores. Também a utilização de anfetaminas tem aumentado entre os alunos de menor idade que responderam ao inquérito.

No dia em que se assinalou o 10.º aniversário da entrada em vigor da lei que despenaliza o consumo de drogas, o director do IDT fez ainda questão de salientar que, apesar dos temores relativos ao aparente aumento do consumo de drogas duras entre estudantes com 14 e 15 anos, é de registar o facto de, na última década, ter diminuído (entre todos os grupos etários) o consumo de todo o tipo de estupefacientes.

Se o consumo de heroína (não há indicadores que apontem para um aumento do consumo através de injecção, mas sim por inalação) e de LSD (um alucinogénio) estão a ressurgir em idades cada vez mais baixas, já o mesmo não se passa com a cannabis e o ecstasy, estupefacientes que até há poucos anos eram tidos como uma espécie de moda entre os jovens.

Para João Goulão, apesar dos indicadores mostrarem que há grupos etários de risco onde se nota um aumento no consumo de drogas sintéticas, é um facto que "há [em Portugal] uma diminuição de toxicodependentes". O relatório ontem divulgado refere, por sua vez, que "a descriminalização [do consumo de drogas] não afectou negativamente a evolução do fenómeno", ao mesmo tempo que salienta a necessidade de "os toxicodependentes serem tratados como doentes com necessidade de cuidados, em vez de serem encarados como criminosos ou delinquentes".

O director do IDT, que defende a necessidade de realizar inquéritos globais para melhor se conhecer a realidade do consumo de drogas em Portugal, alerta ainda para o facto de a actual crise económica do país poder vir a contribuir para um eventual agravamento do tráfico e do consumo de drogas, facto que poderá redundar numa possível inversão dos resultados (diminuição de toxicodependentes) registados nos últimos dez anos.

As acções de prevenção, mas também a intensificação das terapias de tratamento, a dissuasão dos hábitos de consumo, a redução da oferta de drogas e a continuidade de políticas de reinserção são apontados como fundamentais no combate à toxicodependência.

http://www.publico.pt/Sociedade/jovens-estao-a-consumir-mais-heroina-e-alucinogenios_1501147

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