A 3,4-metilenodioximetanfetamina (MDMA; ecstasy) é uma droga de abuso cujo uso generalizado, especialmente entre os adolescentes e jovens adultos, é presentemente um fenómeno que causa elevada preocupação. O consumo de ecstasy tende a estar associado com a toxicodependência, embora numa primeira fase também possa ser ocasional, principalmente durante eventos de fim-de-semana. Pensa-se que a elevada prevalência de utilização da ecstasy resulte de uma forma de pensar estereotipada por parte dos consumidores potenciais, os quais presumem que esta droga possui baixo potencial para induzir toxicodependência e morbilidade. É também habitual a falsa sensação de que os efeitos tóxicos associados à ecstasy são exclusivamente devidos à sua utilização em espaços com elevada temperatura ambiental e/ou à adulteração das pastilhas com componentes tóxicos. No entanto, para alem destas possibilidades, os efeitos tóxicos da ecstasy devem-se também a fenómenos relacionados com a sua actividade farmacológica e com a reactividade química dos seus metabolitos. Entre os efeitos tóxicos da ecstasy mais frequentes citam-se a hipertermia, a rabdomiólise, nefrotoxicidade, hepatotoxicidade e complicações cardiovasculares. De salientar que os efeitos tóxicos podem acontecer logo após o consumo da primeira pastilha, originando, em alguns casos, um desfecho fatal. O uso crónico destes compostos pode conduzir á neurotoxicidade, caracterizada por deficiências cognitivas e ainda psicoses e esquizofrenia. O aprofundamento do conhecimento sobre os mecanismos de acção e toxicidade da “ecstasy” poderá constituir um auxiliar precioso no combate ao seu abuso, principalmente nas camadas mais jovens e ainda desenvolver terapêuticas apropriadas para evitar ou tratar os seus efeitos tóxicos.
ECSTASY, A DROGA DO AMOR E DA MORTE
Félix Carvalho
REQUIMTE, Serviço de Toxicologia da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto
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